O nosso País está realmente a ficar apertado no seu colete de forças…partidárias! Estamos a mergulhar numa espécie de letargia depressiva. É como se tivessem decidido, de uma vez por todas, que nada há a fazer por Portugal e que é, aliás, provável que os portugueses, no fundo, desejam que nada seja feito. Parece que anda tudo desorientado, que se sentaram na cadeira do poder, e ficaram a ver o tempo passar, até à próxima eleição. Com tudo isso, arriscamo-nos a ficar entre os países mais pobres da União Europeia.
Romper com esta tendência tem de ser a prioridade nacional. Como é óbvio, as previsões são sempre visões do futuro construídas com olhares para o passado e para o presente. Mas desejar que essa perspectiva esteja errada encontra muito pouco apoio racional. "Aumentar a produtividade", é o caminho para crescer mais, todos os economistas o dizem. Mas ninguém parece saber como é que se consegue que cada um de nós produza mais. Há duas atitudes possíveis: ou somos infinitamente democráticos, cidadãos obedientes e extasiados aos pés das telenovelas e desses concursos televisivos de pacotilha, ou somos infelizes ultrapassados pela "voragem dos acontecimentos" e da "modernidade", "elitistas" entrincheirados nos seus privilégios, sacudindo o pó de livros que já ninguém lê, combatendo por paisagens preservadas contra a vontade e os "legítimos interesses" das populações locais e contando aos filhos histórias de embalar de um mundo tão oral e retrógrado que se transformou em lenda. Valerá a pena lutar contra a estupidificação triunfante, contra a lógica democrática das massas, contra a mediocridade transformada em acontecimento, contra a ignorância transformada em concurso e emoção?
Termino com estas palavras de Miguel Torga: "…Estamos a viver em pleno absurdo, a escrever no livro da História gatafunhos que nenhuma inteligência poderá decifrar no futuro...jogamos numa roleta de loucos, que tanto anda como desanda. O espectáculo que damos neste momento é o de um manicómio territorial onde enfermeiros improvisados e atrevidos submetem nove milhões de concidadãos a um electrochoque aberrante e desumano"!
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